quarta-feira, 6 de abril de 2011

Em MG, professores vão visitar as casas dos estudantes

Professores da rede estadual de ensino de Minas Gerais vão começar a visitar as casas de estudantes. Os 100 primeiros integrantes do programa Professores da Família vão passar por um curto período de capacitação e começam nos próximos dias a atender 4,2 mil alunos matriculados em 22 escolas de nove municípios mineiros.

O programa, promessa de campanha do atual governador Antônio Anastasia (PSDB), foi lançado oficialmente hoje, com orçamento de R$ 1,9 milhão para este ano. Anastasia assumiu que o projeto começa "pequeno", mas ressalta que o objetivo é chegar a 2012 com 100 municípios atendidos. Minas tem 2,1 milhões de estudantes matriculados nos ensinos fundamental e médio das 3.808 escolas estaduais espalhadas por seus 853 municípios.

Essa disparidade entre o número de alunos da rede estadual para aqueles que serão atendidos pelo programa é o principal alvo de críticas do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE) de Minas. A coordenadora-geral da entidade, Beatriz Cerqueira, afirma que, "numa avaliação preliminar, é um projeto de marketing".

"Minas tem dados muito preocupantes. A média de escolaridade é de 6,2 anos. Nem aos adolescentes e crianças é assegurado o direito de permanecer na escola e o governo anuncia que pretende levar de volta pais que têm menos de cinco anos de estudo. Esse programa não muda a realidade", disparou a sindicalista.

A secretária de Estado da Educação, Ana Lúcia Gazzola, porém, afirma que uma das prioridades do Professores da Família é justamente tentar garantir a permanência dos estudantes nas escolas. Segundo a secretária, entre os alunos que cursam os nove anos do ensino fundamental, apenas 58% fazem matrícula no primeiro ano do ensino médio e, desses, 40% abandonam os estudos antes do terceiro e último ano. "O diploma vai para um terço dos que entram na escola", contou.

Para Ana Lúcia, as visitas às casas vão servir, entre outras coisas, para tentar mostrar aos alunos a importância do ensino, pois um diagnóstico dos estudantes do ensino médio mostra que "eles não entendem a educação como um passaporte para o futuro". Ela ressalta que a escola perde os estudantes para as drogas, para a falta de controle dos pais sobre os jovens e até para o mercado de trabalho. "Evadir ou não, não faz diferença. A tecnologia substitui trabalhadores em algumas áreas. Mas trabalhos como faxina e construção civil precisam de pessoas. Ficam na escola os que pensam em entrar em uma faculdade", explicou.

Em relação ao número de profissionais que vão participar do primeiro grupo, a secretária ressalta que eles fazem parte de um "piloto" e que há previsão de estender o programa para 36 municípios ainda este ano, até chegar aos 100 no próximo ano, com prioridade para cidades menores e com mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M).

"Não é pouco. Há cálculos para isso", disse a secretária, referindo-se a experiências semelhantes em Tocantins e no Rio de Janeiro. "É um número suficiente, porque eles vão trabalhar em conjunto com as escolas. É um trabalho complementar, para aproximar os professores dos pais", acrescentou.

Outra crítica do Sind-UTE diz respeito à proposta do programa de que os professores que vão fazer as visitas às residência vão ter a missão de tentar levar de volta para as escolas os familiares dos alunos que tiverem menos de cinco anos de estudo. "Nós temos uma defasagem de quase 800 mil vagas ensino infantil e quase 700 mil de ensino médio. Não tem vaga para todos", declarou Beatriz Cerqueira.

Para Ana Lúcia, no entanto, é importante manter essa meta para incentivar os próprios jovens a permanecerem nos bancos escolares. "O ambiente (doméstico) tem que valorizar a educação" conclui.

Fonte: Diario do Nordeste

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