quarta-feira, 13 de julho de 2011

2 mil agricultores reivindicam melhorias para o meio rural

Na sua 13ª edição, movimento rural reclama da falta de continuidade de políticas públicas voltadas para o campo

Fortaleza. Nem mesmo a chuva fina da manhã de ontem inibiu o público. Segundo os organizadores, foram cerca de 2 mil agricultores que se mobilizaram em frente à sede da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDA), na Avenida Bezerra de Menezes, para participar do 13º Grito da Terra Brasil, em nível estadual. Na abertura do evento, as reivindicações apresentadas destacaram a necessidade de reforma agrária, mais crédito agrícola e assistência técnica.

O presidente da Federação dos Trabalhadores/as na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece), entidade promotora do evento, Moisés Brás Ricardo, disse que os pleitos vão mais além. Reclamou da falta de ações que estanquem o êxodo rural. Segundo ele, os motivos para o constante esvaziamento do campo ainda são as áreas urbanas ofereceres mais atrativos, inclusive no setor da indústria, uma vez que não existe nenhum polo instalado na zona rural, e o modelo educacional, que faz com que as escolas sejam instaladas nas cidades.

De acordo com Moisés, não há como não considerar os avanços alcançados pelos agricultores, exatamente em vista da organização. Ele reconhece que há mais recursos para novos assentamentos, mas quer uma definição de áreas voltadas para os pequenos agricultores e que não haja privilégios para o agronegócio.

"Não queremos que as melhores terras, com favorecimento do sistema de irrigação, não cheguem ao pequeno produtor". Para a trabalhadora rural Antônia Alves Torres, 48 anos, do Município de Madalena, as queixas dos trabalhadores rurais permanecem mais fortes, porque ainda existe falta de continuidade de políticas públicas voltadas para o setor produtivo.

Parceria

O titular da SDA, Nelson Martins, afirmou que a convivência cia com o movimento somente tem feito amadurecer as ações, bem como encontrar um parceiro para implementar iniciativas voltadas para o desenvolvimento. Ele informou que o número de agentes rurais deverá ser duplicado até o próximo ano e acrescentou a liberação de recursos da ordem de R$ 25 milhões este ano, que serão destinados para o crédito fundiário.

Com esse dinheiro, o Governo do Estado, juntamente com a Fetraece e os Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTRs), querem ampliar a aquisição de terras, promover maior número de assentamentos e fortalecer a agricultura familiar. Segundo Nelson Martins, essa é uma prioridade do Governo do Estado não apenas para fixar o homem no campo, como também para expandir os horizontes da economia no interior do Estado. Ele acrescentou que os recursos hídricos estarão disponíveis para atender essa demanda, a ser beneficiada por mais de 3 mil quilômetros de rios perenizados, 5.600 açudes públicos, o Canal do Trabalhador e o Eixão das Águas.

Festividade

Contudo, nem somente de conflitos e queixas pontuaram o primeiro dia do evento. Logo na abertura, houve a apresentação da dupla de violeiros Manuel Silva e Benedito Batista. A organização também primou em oferecer alimentos para os trabalhadores que vieram de diferentes regiões do Estado, do Cariri aos litorais cearenses.

Em vista da grande quantidade de participantes foi providenciado o pernoite no Ginásio Paulo Sarasate. Hoje, os manifestantes sairão em passeata até a Assembleia Legislativa, onde ocorrerá uma audiência pública. Em seguida, será servido um almoço também no Ginásio Paulo Sarasate. Sem hora marcada até o fim da manhã, haverá também uma reunião entre lideranças do movimento e o governador Cid Gomes, no Palácio do Governo do Estado.

Ainda na tarde de ontem, estavam sendo aguardadas caravanas de trabalhadores de regiões mais distantes do Estado. O Grito da Terra Brasil 2011 tem como objetivo reivindicar o cumprimento de metas e propostas negociadas com órgãos do Governo Federal, bem como as ações do Governo do Estado no âmbito da agricultura familiar e, também, das políticas públicas para o campo.

A pauta inclui ainda criação e manutenção de assentamentos, questões salariais (cumprimento e ampliação das leis trabalhistas) e às políticas sociais (saúde, previdência, educação e assistência social). A mobilização também defende os interesses das mulheres trabalhadoras rurais, da juventude rural e da população idosa do campo.

MAIS INFORMAÇÕES
Fetraece - Avenida Visconde do Rio Branco, 2198, bairro Joaquim Távora - Fortaleza. Telefone: (85) 3231. 5887- Fax: (85) 3231.7584

MARCUS PEIXOTO
Repórter

Fonte: DN

Nenhum comentário:

Postar um comentário